Ousar ser Selvagem, no TAO

Aprendizado dos meus 70 anos

Ely Britto – nasceu em um domingo no dia 7 de Junho de 1947 em Viçosa MG

Wikipedia
Vida selvagem refere-se a todos os vegetais, animais e outros organismos não-domesticados.[1] Organismos domesticados são aqueles que foram adaptados para sobreviver com a ajuda de (ou sob o controle de) humanos, depois de muitas gerações. Espécies de plantas e animais foram domesticados para benefício humano muitas vezes por todo o planeta. Somente os seres selvagens conhecem o verdadeiro amor não romântico.

Cresci vivendo ao lado desse rio magico e lindo; o RIO DE CONTAS no sudeste da Bahia na fazenda Margem Linda no município de Itajurú BA (Itajurú significa A Boca de Pedra)

Tenho vivido há 7 décadas! São 831 meses, 3.660 semanas, 25.559 dias, 613.200 horas de vida!

Tempo, tempo, tempo que passa rápido, mas deixa de existir quando vivemos o presente, no presente e com uma presença atenta.

Nesse dia em que completo meus 70 anos, agradeço a vida que escolhi viver, e que me deu saúde, filhos e netos maravilhosos e milhares de filhos que pude ajudar com as práticas milenares de administração da energia nesses anos que a isso me dedico.

Minha gratidão a todos!

Precisei de 6 décadas para conseguir realizar sonhos que tive ainda pequena, de pés descalços, caminhando solta pelos pomares e florestas, aprendendo os mistérios de ousar ser selvagem e primitiva nas terras de nossa família.

Ali havia fadas, e toda sorte de momentos mágicos, forças estranhas, bizarras e belas;
uma gota de orvalho em uma folha eram diamantes,
as estrelas, joias preciosas de tantas cores brilhantes,
a terra tinha cheiro, bichos e segredos prontos a serem revelados,
e tudo era movimento, cor, dança, música, vida e a lua cheia que era a única luz noturna em uma fazenda sem luz elétrica!

Pessoas da minha idade sabem o esplendor de uma lua cheia e das cantigas de roda!

Nunca deixei legendar as imagens da natureza na minha alma, as queria sempre VIVAS!

O Rio de Contas passava vivo e cheio de pedras redondas e transparentes, sua areia era cor de rosa chá, e passava na frente de nossa casa colonial sempre manso, e raso, com raros poços encantados onde podíamos nadar tranquilos.

Suas enchentes assustavam. Levavam em suas águas turbulentas, toda sorte de vidas arrancadas pelas suas águas em fúria. Aconteciam apenas uma vez por ano, no mês de Dezembro.

Para ser sincera, hoje vivo minha primeira década de vida, retornei à infância. E nesse retorno tive que trair todos os sonhos da família que me queria rica, famosa e realizada. Os meus, andavam na contramão dos deles. Nesses momentos, vivia minhas enchentes que sempre aconteciam quando o mundo tentava barrar o fluxo da minha água de vida!

Sei que me amavam, e devem estar felizes, (mesmo já falecidos e mais sábios com certeza) por saberem que consegui ser pelo menos realizada; um ser selvagem e natural com todos os defeitos e privilégios dos que sabem o que isso significa. Hoje sigo o TAO de cada momento e minhas águas rolam tranquilas em seu fluxo sereno e amoroso.

Tenho me trabalhado para me tornar alguém ousadamente selvagem no melhor sentido dessa palavra, pertenço a selva natural, onde a vida ainda pulsa seu ritmo harmonioso.

Durmo quando quero dormir, como quando tenho fome, e o resto do tempo, vivo o tempo da natureza essencial de cada coisa e ser verdadeira com quem convivo e sirvo.

Faço isso por escolha.

Conheci o mundo, estudei fora do pais, convivi com políticos, banqueiros, intelectuais, artistas, místicos, hippies, sonhadores, realizadores e participei de todos os movimentos da contracultura. Mas escolhi ser selvagem e andar de pés no chão. Tive muitos amores plenos e hoje tenho só amor, e por tudo que existe.

Sou feliz e procuro trazer felicidade a outros, e sinto a vida com os sentidos e isso me basta! O que mais poderia querer??

A natureza que é a minha mãe e pai maior!

Afinal tive mais sorte do que meu Rio de Contas hoje morto em nome do progresso, já barrento e poluído; seguindo quase parado para além do que prende suas águas. Não tem mais areia cor de rosa chá, nem pedrinhas brilhantes.

Mas acreditem, ele mora vivo no seu correr manso, com suas pedrinhas e sua areia rosa chá dentro do meu coração.

Foi com esse rio que aprendi a deslizar pela vida e a lutar contra tudo o que me queria morta, poluída e paralisada para servir ao progresso, como fizeram com ele – amado rio de minha infância! Sou selvagem e pertenço a natureza.

Para vingar sua morte, virei rio sem barragens. Venci, e agora, vivendo na natureza, feliz, estou pronta para a qualquer momento retornar à fonte primeira e única da energia que me criou e a quem hoje sigo; as MUDANÇAS e suas leis naturais!

Estou pronta para voltar para a nascente do Rio de Contas! Ali, ele ainda está vivo correndo pelo TAO.

Foto da nascente do Rio de Contas nas altas montanhas da Chapada Diamantina na Serra da Tomba.