“Não há entusiasmo ou ausência dele quando estamos no caminho – há apenas o caminhar.
Assim acontece a alquimia interna taoista.
Este texto é uma tentativa de fazê-los experimentar o centro de uma forma bem literal e prática.
Há dentro de nós um local seguro, onde nada pode nos atingir e de onde podemos administrar nosso destino e dele nos libertar. Livres da tensão dos opostos, da luta infinita entre o Mal e o Bem; entre o céu e a terra, o homem e a mulher, vida e morte, felicidade e infelicidade e entre o Yin e o Yang.
Todos sabem que este local é no centro, mas poucos conhecem a tecnologia do deslocamento de nossa consciência para este centro, também chamado do caminho do meio.
Esta tecnologia (arte do fazer e do conhecer) é muito simples, mas, se torna complexa quando tentamos realiza-la sem o apoio de alguém que conhece seus segredos.
Como indivíduos civilizados trazemos em nossa alma uma cisão, uma separação entre estes pares de opostos que precisam ser unidos e integrados para que seja possível irmos ao centro e de lá gerirmos a qualidade de nossa vida.
A construção deste centro requer um preparo da mente, uma descida da energia vital do homem, na direção de um ponto que se localiza atrás do Umbigo, um pouco mais na direção da coluna, perto do ponto de energia chamado Ming Men (Porta da vida – localizado entre a segunda e a terceira vertebra lombar).
Vocês poderiam perguntar a esta altura; mas como um local determinado dentro do corpo pode realizar a grande união destes opostos?
Acontece que não há realmente uma verdadeira fronteira entre o que chamamos de corpo, mente e espirito. Estes 3 centros de nossa atividade consciente formam um só corpo, se diferenciando apenas em sua densidade energética. Um corpo contém o outro, e um afeta o outro.
Se somente nossa cabeça pensa, ali centramos nossa energia e ali ela fica bloqueada – até que nos ensinem como e o que precisamos fazer para esta energia fluir e descer, distribuindo seu potencial de vida por todo o ser.
Carl Gustav Jung estudou este processo e o chamou de Individuação.
Ele aconselha a unificar os opostos dentro de um centro chamado Si-Mesmo, onde a energia dispersa dos complexos, da persona e da sombra encontram um abrigo e conseguem assim transcender a tensão dos opostos.
Para atingir este estado de individuação ele se utiliza dos arquétipos, dos mitos que os personificam e de uma técnica chamada de imaginação criativa. Uma conversa com os espíritos, ou a forças dissidentes que se apossaram da psique consciente. O problema com esta prática é que o corpo também é abandonado a sua própria sorte, e a integração acontece em um espaço mental e emocional sem a integração do corpo e de suas energias mais densas.
As práticas Hindus também procuram a transcendência destes opostos elevando a alma para um patamar acima, fora da terra para que ali ela se liberte da tensão destes opostos dentro do vazio. Mas neste processo o pobre corpo é sacrificado e a morte prematura da maioria dos gurus indianos nos demonstra que embora esta união parcialmente se processe, o preço é a perda da vida e as doenças do corpo físico.
Ele é abandonado a sua própria sorte, à morte e às doenças.
O I Ching e suas consultas também – nos levam a uma atitude interna menos conflitante, nos ensinando devagar e muito demoradamente a irmos suavemente em direção a este centro – mas também abandona o corpo à própria sorte.
Desde os meus 20 anos tenho percorrido estradas espirituais em busca de um instrumento eficiente e realmente integrador, que nada sacrifique e que tenha uma verdadeira tecnologia de integração.
Encontrei este processo nas práticas milenares da alquimia interna chinesa. Depois de 12 anos de dedicação e prática deste sistema, aprendi que em verdade tudo é muito simples e poderia ser ensinado em apenas alguns minutos se o aluno conseguisse abandonar suas opiniões a respeito de tudo, e permitisse que a energia trabalhasse por ele e realizasse esta integração.
O treinamento para levar as pessoas a este centro atrás do umbigo é necessário e demora, exatamente porque colocamos condições demais para que este centro opere dentro de nós. Exigimos coisas, julgamos, colocamos empecilhos, duvidamos – ou seja – queremos que nossa mente se aposse do processo, do controle e nos prove como ele é possível.
Mas esta atitude só nos distancia deste centro e deste controle sem controle. Na verdade a única coisa que precisamos para operar e gerir nossa vida á partir do centro é nos desapegar de nossas opiniões.
Temos que observar como nosso ditador interno nos explora e engana, anotar e localizar o espaço interno onde ele mantém o seu poder de controle, renunciar a este controle e deixar a vida ser.
Quando isto acontece, uma mudança mágica ocorre sem nenhum esforço consciente de nossa parte. Algo desce e se aloja ali, no centro de nosso corpo, e se torna transparente e vazio – permitindo que nada resista, nada interfira no processo glorioso que é a vida e sua diversidade essencialmente unificada.
O corpo de torna saudável e leve, a coluna respira e ondeia acompanhando cada movimento de nossa respiração. O caminho do meio se abre e compreendemos o seu “Momentum” único e eterno.
Querem fazer uma experiência com o centro??
Seguem aqui as orientações, se estiver pronto saberá que aconteceu, se não estiver tente praticar esta formula, até conseguir que o seu “olhar” – olhe tudo através deste centro.
1- Procure localizar de onde você está pensando. Observe dentro do cérebro de que local surgem seus pensamentos; de dentro ou acima de sua cabeça? – e de qual lado; do direito ou do esquerdo??
2- Assim que tiver localizado qual o lado da cabeça e em que altura seus pensamentos acontecem, vire seus olhos para um local atrás do umbigo. (Á uns 3 dedos de distancia da segunda vértebra lombar)
3- Leve todos os seus sentidos para este local; escute este local, olhe para lá, sinta sua temperatura, saboreie a sensação doce que pressente estar vindo dali, sinta que dali vem um aroma suave e limpo.
4 – Mergulhe literalmente sua consciência neste local e de lá observe o mundo a sua volta, responda a este mundo dali. E…nunca mais se afaste deste centro.
Observação: varias vezes ao dia cheque sua atenção – observe onde ela se encontra – localize este onde – e depois a traga para este centro quantas vezes você a encontrar perdida em algum espaço que não seja ai – no centro. Sempre que sentir ou pensar coisas, retire sua energia destes sentimentos e pensamentos – volte-se para o centro e deixe que eles (sentimentos e pensamentos ) se dissolvam no nada. É muito importante não querer tentar resolver estes pensamentos e sentimentos – é importante deixa-los passar como um rio.
Boa sorte!
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