Histórico

O Livro das Mutações - I Ching, (Yijing) junto com a Bíblia, é o livro mais antigo do mundo. Há inúmeras controvérsias sobre sua origem. Uma origem lendária nos conta que Fu Shi, uma figura mitológica, criou os trigramas (3 linhas) e hexagramas (6 linhas) ao estudar o Ho Tu, o mapa do Rio Amarelo encontrado após o grande dilúvio.

O diagrama tradicional do Ho Tu

Este diagrama mostra as forças Yin e Yang e suas combinações representadas pelos círculos brancos e pretos. Fu shi substituiu os círculos por linhas inteiras e partidas e usando uma numerologia especial, formou os oito trigramas e deles os hexagramas. Outras fontes acreditam que o livro surgiu quando Fu Shi encontrou no casco da tartaruga uma forma de "ler" as leis das mutações. Algumas escolas religiosos da China, acreditam que este mapa foi encontrado gravado em uma bola de metal quando as águas do dilúvio secaram,  e afirmam que esta bola veio de um outro planeta.

Lendas á parte, muitos acadêmicos ocidentais que estudam este livro afirmam, baseados em pesquisas arqueológicas (ossos com inscrições descobertos em 1899 em Anyang) que inicialmente os chineses usavam estes ossos para prever o futuro. Encontraram números inscritos nestes ossos provando que os trigramas e hexagramas eram inicialmente escritos com números e não com linhas como hoje utilizamos. Com a descoberta dos manuscritos em seda em Manwangdui em 1973,  mostrando uma seqüência desconhecida e diferente dos hexagramas, os estudiosos chegaram a conclusão que há várias outras formas de sequenciar os hexagramas, e que historicamente falando não há apenas um I Ching ( Yijing), e sim, vários.

Sabe-se hoje que nada podemos realmente provar sobre as origens deste livro, a única certeza é que o que o livro que chamamos de I Ching (Yijing)é uma das formas de sequenciar os hexagramas criados pelo Rei Wen que fundou a dinastia Chou.

A primeira tradução deste livro para o Inglês surgiu em 1876 feita por Thomas McClatchie, e em seguida a de James Legge feita em 1882. A primeira tradução em francês acontece logo depois, realizada por Philastre (1883&1893) e a de Harlez (1889). A tradução do Richard Wilhelm na língua alemã, a maior e a mais conhecida no ocidente, só aconteceu em 1924.

O prefácio que Carl Gustav Jung escreveu para este livro em 1960, (quando o livro do Richard foi traduzido para a língua inglesa), fez com que o ocidente acreditasse que o livro era apenas um oráculo para ser consultado para o auto aprimoramento. Mas O I Ching é também um livro de estratégias, de filosofia contendo um enorme material cosmológico e histórico. Há entre os acadêmicos que estudam estes aspectos do I Ching (Yijing) um enorme preconceito quanto ao uso do livro para fim oracular. Estes estudiosos se esquecem que o livro das mutações trata das leis de mudança que atuam também nos acontecimentos formando o que chamamos de destino, e que sua sobrevivência nestes milhares de anos se deve ao seu uso oracular.

Existe ainda muita controvérsia sobre o estudo do I Ching (Yijing). Será que deveríamos apenas estuda-lo como um livro de filosofia, um livro histórico ou de cosmologia primitiva? Deveríamos apenas consulta-lo e aprender as leis das mudanças de uma forma prática e objetiva? Acredito que devemos estuda-lo em toda a sua amplitude, nada excluindo. Acredito que integrar é a melhor opção aqui. Os estudos acadêmicos são por demais yang devemos então equilibrar esta força com a sua complementar Yin - que seria o uso deste livro em consultas para o auto aprimoramento.